A Beira da Calçada...
À beira da calçada ficamos à margem...
À margem das lembranças de uma infância que hoje não mais se
vive.
À margem das boas conversas, dos assuntos ao final do dia.
Das traquinagens que agora só podemos ter dentro de nossas
prisões...
Ficamos à margem daqueles que se acham com direito de vir
usurpar os nossos pertences!
À margem das ruas que hoje não podemos mais usá-las, pois os
donos são outros...
As ruas do fim de tarde - das noites bagunceiras; dos
namoros de infância; das brincadeiras de “esconde-esconde”; “pega-pega”;
“garrafão”; “bandeira”; “cai no poço”; “sete pecados”; “futebol”; “bila”;
“pião”; e tantas outras que as mesmas produziam... - Não são mais possíveis!
Porque a cada novo dia ficamos à margem...
À beira da calçada, “sem eira nem beira...”
Orismidio Duarte