terça-feira, 6 de abril de 2021

NÃO ME JULGUE POR EU TER CUIDADO E MEDO

 

Hoje me aventuro em fazer meu primeiro cordel em sextilha. Pego emprestado o conhecimento afrodescendente brasileiro em rimar, algumas palavras e versos.  Espero que gostem!  Axé!!!!



NÃO ME JULGUE POR EU TER CUIDADO E MEDO

Cordel em Sextilha. 

Francisco Orismidio Duarte da Silva

 


No Brasil do dia a dia

Só tenho amor, esperança e precaução  

Não tenho prazer nem euforia

Para que eu esteja em aglomeração

Arriscando a mim e aos outros

Com nossas vidas em minhas mãos.

 

Você que me chama de besta

De medroso e sem noção

Vou lhe dizer uma coisa

Do fundo de meu coração

É preferível ser tudo isso

A viver a 7 palmos do chão

 

É verdade que nesse momento

Eu posso ter melhor condição

Posso ter um teto para morar

Família, amor e compaixão

Mas isso não me dá direito

De compartilhar essa negação

 

Não precisa mais dizer

Para que você possa se conscientizar

Que essa peste aqui chegou

Caladinha e sem alardear

E que hoje mata milhares

Na mudança do luar


Nós precisamos do trabalho

Para poder sobreviver

A vida anda difícil

Para mim e pra você

Mas faça o seu esforço

Para que não venha a morrer

 

É preciso se proteger

Nessa triste situação

Use máscara e álcool gel

Na sua cara e suas mãos

Porque a vida é mais valiosa

Que o risco de contaminação

 

Uma vez contraído

Esse vírus mortal

Idosos, adultos ou crianças

Podem ir parar no hospital

E o corpo não resistir

A essa doença letal

 

Não se trata de gripezinha

Nem tão pouco algo normal

E cloroquina não a cura

Pelo contrário, te faz é mal

E a vacina é o caminho

Mais sensato e natural

 

Enquanto ela não chega

Precisamos em alerta ficar

Ter atenção na higiene

E nos alimentos para lavar

Mas também, e principalmente

Evitar se aglomerar

 

Você pode achar que é forte

Que é sabido e pode mais

A lagartixa é mais esperta

Do que você meu rapaz

Pois ela sobe nas paredes

Coisa que você não faz

 

Por isso entenda uma coisa

Você não é um X-men

Você é um ser humano

Que não veio do além

e se esse vírus te pegar

não quero ver seu nhenhenhém

 

Não adianta mais chorar

Nem tampouco se arrepender

A consciência é para existir

Antes da zoeira fazer

Agora sua família chora

Com medo de te perder

 

Mas se tu escapar tenha certeza

De que uma coisa eu vou fazer

Vou te dar uma boa pisa

Pra tu nunca mais esquecer

Pra tu aprender a votar

Se cuidar e se precaver

 

Encerro então minha prosa

Com um aperto no coração

Em ver vocês fazendo

Encontro, festa e aglomeração

Não dando ouvidos a ciência

E ouvindo um ser do cão

 

Por isso que eu lhe peço

Se és meu amigo, meu irmão

Não me julgue, não mereço

Só por essa condição

Em ter cuidado e ter medo

Em um país sem direção.


Orismidio Duarte - Caboré