NÃO ME JULGUE POR EU TER CUIDADO E MEDO
Cordel em Sextilha.
Francisco Orismidio Duarte da Silva
No Brasil do dia a dia
Só tenho amor, esperança e precaução
Não tenho prazer nem euforia
Para que eu esteja em aglomeração
Arriscando a mim e aos outros
Com nossas vidas em minhas mãos.
Você que me chama de besta
De medroso e sem noção
Vou lhe dizer uma coisa
Do fundo de meu coração
É preferível ser tudo isso
A viver a 7 palmos do chão
É verdade que nesse momento
Eu posso ter melhor condição
Posso ter um teto para morar
Família, amor e compaixão
Mas isso não me dá direito
De compartilhar essa negação
Não precisa mais dizer
Para que você possa se conscientizar
Que essa peste aqui chegou
Caladinha e sem alardear
E que hoje mata milhares
Na mudança do luar
Nós precisamos do trabalho
Para poder sobreviver
A vida anda difícil
Para mim e pra você
Mas faça o seu esforço
Para que não venha a morrer
É preciso se proteger
Nessa triste situação
Use máscara e álcool gel
Na sua cara e suas mãos
Porque a vida é mais valiosa
Que o risco de contaminação
Uma vez contraído
Esse vírus mortal
Idosos, adultos ou crianças
Podem ir parar no hospital
E o corpo não resistir
A essa doença letal
Não se trata de gripezinha
Nem tão pouco algo normal
E cloroquina não a cura
Pelo contrário, te faz é mal
E a vacina é o caminho
Mais sensato e natural
Enquanto ela não chega
Precisamos em alerta ficar
Ter atenção na higiene
E nos alimentos para lavar
Mas também, e principalmente
Evitar se aglomerar
Você pode achar que é forte
Que é sabido e pode mais
A lagartixa é mais esperta
Do que você meu rapaz
Pois ela sobe nas paredes
Coisa que você não faz
Por isso entenda uma coisa
Você não é um X-men
Você é um ser humano
Que não veio do além
e se esse vírus te pegar
não quero ver seu nhenhenhém
Não adianta mais chorar
Nem tampouco se arrepender
A consciência é para existir
Antes da zoeira fazer
Agora sua família chora
Com medo de te perder
Mas se tu escapar tenha certeza
De que uma coisa eu vou fazer
Vou te dar uma boa pisa
Pra tu nunca mais esquecer
Pra tu aprender a votar
Se cuidar e se precaver
Encerro então minha prosa
Com um aperto no coração
Em ver vocês fazendo
Encontro, festa e aglomeração
Não dando ouvidos a ciência
E ouvindo um ser do cão
Por isso que eu lhe peço
Se és meu amigo, meu irmão
Não me julgue, não mereço
Só por essa condição
Em ter cuidado e ter medo
Em um país sem direção.
Orismidio Duarte - Caboré