terça-feira, 5 de julho de 2022

Minhas Gingas na Educação: Material Educativo A Arte de Educar Gingando

 



Imagem enviada pelo centro de multimeios da EEEP Aderson Borges de Carvalho - Juazeiro do Norte -Ceará - Brasil


Sigo minha ginga em busca da valorização da capoeira na educação, onde ela possa atuar como uma possibilidade para a educação patrimonial, tendo em vista sua qualidade e seus atributos que vão muito além do vemos enquanto um esporte ou uma luta. No século passado Mestre Pastinha já nos alertava falando que a capoeira tem três partes e que a gente só vê uma delas.

Encontro-me em constante jogo de capoeira em busca da compreensão dessas outras duas partes, que para mim tem se apresentado por uma capoeira enquanto manifestação cultural afrodescendente para e na educação. O caminho/roda é longo e tenho a certeza que não vou conseguir chegar até o fim, pois como falou nosso ancestral Mestre Pastinha “o princípio da capoeira não tem método, e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista”.

Por conta disso continuo gingando, acumulando experiências, propondo possibilidades e construindo meu referencial teórico metodológico com vistas às escolas e espaços de educação não formal, para que tenhamos uma educação cada vez mais afro referenciada e assim possamos preencher as lacunas existentes em nossa sociedade.

Foto: Orismidio Duarte
O material educativo “A Arte de Educar Gingando” se propõe a ser uma referência plausível para a educação patrimonial a partir da educação para as relações étnico-raciais em cumprimento da Lei 10.639/03, que determina o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas brasileiras, pois “temos na capoeira a possibilidade de uma prática cultural educativa disseminadora de valores ancestrais, através de histórias e memórias guardadas na mente, corpo e coração dos mais velhos, de modos de vida, de produção e de resistência cultural que expressam o passado e vive o presente refletindo sobre a vida, sobre a sociedade, a natureza, o território e a sua manutenção cotidiana”(Silva, 2020).

O resultado desta ginga e desse constante jogo tem sido satisfatório, uma vez que sendo nosso material reconhecido pelo poder público, através do Edital de Seleção Pública para Patrocínio de projetos Culturais no Município do Crato – 2021 e II Prêmio de Expressões Culturais Afro-Brasileiras do Ceará – 2021, tivemos a condição necessária para implementar cerca de 800 unidades do referido material educativo em espaços destinados à educação de nossas crianças e adolescentes. 

Desejamos que nossas/os educadoras/es possam utilizar, sem moderação, o referido material e com isso possamos construir uma sociedade menos racista, mais igualitária e que valorize nossas raízes e nossa história!

Iê volta do mundo camará!!!


Foto: Orismidio Duarte

Francisco Orismidio Duarte da Silva
Mestre Orismidio - Terreiro Capoeira Cariri