Dia 20 de novembro de 2020 

Hoje dia é 20 de novembro de 2020 e o que mais vejo nas redes sociais e grupos de aplicativo são as/os capoeiristas arrotando louvações a este dia se dizendo sensíveis à causa do povo negro brasileiro. NOSSA CAUSA.

Quando vejo e percebo esse tipo de comportamento, identifico como algo de compartilhamento corriqueiro e sem compromisso, respeito e profundidade reflexiva sobre o que de fato representa esse dia. Uma Fake News, igual ao dia do amigo que rendeu uma publicação nesse mesmo blog.  Ele, o dia 20 de novembro, não representa festa, mas sim dor! Ele não representa comemoração, mas sim resistência! Mas, para e no país do futebol isso é festa!

A Festa que muitas/os comemoram não são as conquistas, mas, as opressões; as perseguições; os silenciamentos; as subordinações; as ameaças; o racismo e os preconceitos...  Isso sim são as verdadeiras comemorações daquelas/es que se dizem capoeiristas e apoiam governos e políticas que dizem não as/aos pobres e as/aos negras/os brasileiras/os. Que apoiam políticas e governos que buscam a todo custo acabar com a educação e com a cultura. Que apoiam o desejo em se ter uma população mais ignorante e vendida à cultura de massa e à indústria cultural sem o mínimo de discernimento sobre o que se consome.   

Muitas dessas pessoas se escondem no discurso da capoeira luta, forjada no século XX para negar a cultura africana e afrodescendente brasileira, para ficarem em seus mundos, suas bolhas, arrotando valentia, superioridade e legitimidade. Nada diferente dos capitães do mato da era escravista criminosa...

Para essas pessoas, o amor a/ao próxima/o é um valor que só pode ser efetivado se a/o próxima/o morar, pensar e comer no mesmo prato; na mesma bolha; no mesmo mundo. Se a/o próxima/o for diferente é inimiga/o, não serve; não é puro; não é capaz; não é digna/o; não é merecedora/or não; não; não; não...

É a mesma retórica usada pelo Fascismo, Nazismo e Branqueamento brasileiro. (não vou nem incluir o cristianismo, mas sabemos que ele também cabe) Duvida?  Pega uns livros ou acessa o google e vai estudar! Lê e tenta compreender EUGENISMO e verás o quanto você propaga e defende ideias que nem mesmo às conhece. Por isso és chamada/o de gado. Não conhece, apenas segue e propaga. Propaga apenas porque um homem de farda, um Dr. ou alguém de status social "relevante" assim lhes disse.   

Criaram para as/os descendentes de africanas/os termos como, cabra, mulata, pardo etc...  e nós enchemos o peito e dizemos: SOU PARDO! Não sou Negro!  Não percebemos que essas terminologias foram criadas para separar, dividir as pessoas e assim, elas acharem que são superiores às outras e como consequência, fazer tudo o que a classe hegemônica deseja fazer. Isso! Viramos Massa De Manobra e oprimimos a nós mesmas/os!!!! Nos guerreamos e alimentamos o festival do pão e do circo para a plateia classe alta, branca e hegemônica. A elite brasileira. Que sutilmente nos usa para atacar a nós mesmas/os. Sim, nesse caso precisamos ser redundantes!

Percebam que não precisamos ir a Disney, o que precisamos é ir aos confins de nossa ancestralidade, ao nosso passado familiar para assim, perceber e reconhecer de onde viemos e o que verdadeiramente somos para e nessa sociedade Cristã; Racista; Patriarcal; Machista; Homofóbica; Xenofóbica brasileira.

Estamos voltando ao século passado e não estamos nos dando conta. Ou será que nunca saímos dele?

Orismidio Duarte, negro, nordestino, professor e capoeirista brasileiro nascido no século passado.