O início de algo que não tem fim.
Em 1995 conheci e
me integrei a Cia. Terreiros do Brasil de Capoeira - Terreiro Capoeira - o
lugar? A Universidade Federal do Ceará – UFC no Departamento de Educação Fisica
que fica situado no Campus do Pici na cidade de Fortaleza Ceará. Apesar de
iniciante já sabia balançar na ginga, já sabia alguns movimentos embora não
consistentes e que foram frutos de um aprendizado alguns anos antes com os
colegas que se reuniam todas as tardes numa barreira que existia nas quadras do
Campus do Pici – UFC, bem como em visitas a rodas de alguns locais da cidade.
Dentre esses
colegas lembro-me do Ricardo “o Cadím”, do Duboi, do Gleuço, do Ednei, do
Ribamar “o Riba” e do Antônio. Eu Riba e Antônio eram os mais novos e andávamos
sempre juntos. Certo dia voltando da barreira surgiu à informação em meio a uma
conversa que havia capoeira no CSU do Henrique Jorge, bairro vizinho ao nosso e
então decidimos ir lá conhecer. No dia seguinte fomos ao local, cerca de 30 min
de caminhada, quando chegamos já era noite e como havíamos chegado um pouco
antes do inicio das atividades achávamos que não haveria nada. Não lembro o
ano, só sei que era bem novo e que havia saindo escondido de minha mãe.
Perguntamos ao vigilante do local se haveria a atividade e ele confirmou que
sim. Então aguardamos e pouco tempo depois começaram a chegar os capoeiristas,
lembro de uma camiseta que havia escrito favela, já outras zumbi. Passado mais
algum tempo eles começaram a se movimentar; movimentos sozinhos, depois em dupla,
puxados por uma pessoa a frente que lhes davam as instruções. Ficamos olhando
aqueles movimentos atentos a cada detalhe e achando um barato, uma ótima
diversão. Cerca de duas horas depois eles formaram a roda de capoeira, os sons
dos instrumentos, as cantorias eram muito interessantes e instigantes. Nós
ficávamos a observar tudo com certa distância, mas loucos para participar.
Voltamos para casa já tarde, quando cheguei minha mãe me deu aquele sermão me
dizendo que já havia perguntado por mim em todo quarteirão e ninguém sabia meu
paradeiro. Quase que levo uma boa surra...
Como de costume nos
encontrávamos na barreira todo fim de tarde e a partir daquele dia os saltos e
os outros movimentos teriam menos tempo, pois passamos a tentar executar
àqueles movimentos que vimos no CSU – Centro Social Urbano. Ficamos sabendo por
meio dos colegas mais velhos que também havia capoeira em outros lugares: Na
academia Jane e Ruth com o Barão, no bairro João XXIII com o Gildo e o
Chitãozinho e no bairro Serrinha com o Ratto. Hoje essas pessoas são Mestres de
capoeira. Só não tenho certeza do Gildo, pois perdi totalmente o contato.
Também começamos a ter conhecimento de rodas de capoeira pela cidade. As
realizadas nos pólos de lazer da Gentilandia, da Parangaba e da Barra do Ceará
que era conduzida pelo Mestre Soldado. (in memoriam). Então começamos a ir
nesses lugares, primeiramente ver e conhecer, em todos que fomos só era aberto
a visitantes nos dias de roda e a condição para participar era pegar o
treino. Ao percebermos essa exigência
tratamos de conseguir nossas calças, que foram feitas do pano de sacos de
açúcar. A partir daí intensificamos as visitas. Nas quintas ABC com Gildo, nas
sextas, no Colégio Paulo Roberto com Ratto, nos domingos dunas da Barra do
Ceará e depois íamos ver a roda no pólo. Ver porque não entravamos, éramos
pequenos e tínhamos medo, certamente por não dominar as técnicas e isso nos
limitava muito. Outro local só para olhar era as rodas na Gentilandia.
Minha família
percebendo meu envolvimento na atividade começou a fazer críticas, dizendo que
àquilo não era bom, que só tinha vagabundo, que era coisa de maconheiro, de
macumbeiro e todos os preconceitos presentes na sociedade construída a partir
de olhar europeu, onde algo que houvesse relação com o negro não servia. Como
ainda era criança e obviamente não teria poder de decisão sobre o que desejava
fazer, tive que me afastar dessas idas pela capoeira da cidade.
O tempo passa,
perco o contato com os colegas mais velhos e alguns anos depois em uma rua do
bairro me encontro com o colega Cadim. A primeira pergunta: - como vai? E a
segunda: - e a capoeira, treinando? Ele falou que sim, mas na cidade de Tauá e
que estava naquele momento em Fortaleza passando uns dias para visitar a
família. Eu o respondi que daquelas brincadeiras chegamos apenas a visitar
algumas pessoas como foi citado acima e que eu tinha me afastado. Ele então me
sugeriu realizar uma visita ao Departamento de Educação Fisica da UFC. E no dia
seguinte estava eu lá às 8h realizando minha inscrição na Escolinha de Capoeira
da Universidade Federal do Ceará – UFC e conhecendo o Mestre Samuray. (in
memoriam).
São 20 anos de muito conhecimento, recebendo e doando com uma generosidade linda!
ResponderExcluirE eu feliz da vida por ter a oportunidade de aprender com vc....
Parabéns
São 20 anos de muito conhecimento, recebendo e doando com uma generosidade linda!
ResponderExcluirE eu feliz da vida por ter a oportunidade de aprender com vc....
Parabéns
Muito bacana saber como surgiu toda a sua paixão pela capoeira.
ResponderExcluirParabéns !
Que ótima maneira se começar uma nova semana, por sinal um novo mês, onde se anuncia mais uma semana da Pátria, ao lado de todos os problemas corriqueiros w os novos dessa sociedade ansiosa e articulada através de suas células sociais, numa disputa sem fim pelo poder, o político, o financeiro e os outros que vêem por trás ou na frente desses dois....!
ResponderExcluirQue manhã especial se torna essa, ao encontrar e ler essas primeiras páginas desse blog, o blog do Caboré, o blog do Cariri, o blog di Ceará e do nordeste renitente e resistente que enfrenta há séculos a seca, a fome e a Injustiça, e que nunca perdeu o humor, o amor pela vida e pela arte!!
Nisso tudo se insere a capoeira. Guerreira, faceira, artista, vital como a farinha, a rapadura e a carne seca, regada de baiao-de-dois e de forró...
É tudo mágico aqui!!
Caboré agora tem onde registrar e organizar essa magia...!!
Estarei sempre atento para degustar com calma cada gota dessa maresia que flui dos verdes mares, ou do sertão cearense...
Mas sempre do coração de um amante de todas essas dádivas de Deus, nessa natureza que sofre, mas que vive e se torna a cada dia uma maior fonte de exemplo e de competência de nossos brasileiros, nordestinos e cabras-machos de nossa orgulhosa cultura!!
... Tendo como motd o som monocórdio do berimbau... Antes africano, agora nordestino!!
Parabéns, Caboré!!!;
Meu querido Caboré,
ResponderExcluirBela iniciativa do Blog e tornar público a sua trajetória, que sirva de exemplo para outros capoeiristas.
Meu irmão, nada acontece por acaso.
Meu querido Caboré,
ResponderExcluirBela iniciativa do Blog e tornar público a sua trajetória, que sirva de exemplo para outros capoeiristas.
Meu irmão, nada acontece por acaso.